quinta-feira, 22 de julho de 2010


VARIEDADES

Viva Maria!

por Léo Coutinho


O talento fresco e incontestável da cantora Maria Leite


A mineira Maria Leite, que nasceu em Alfenas e solta a voz na capital paulista

Cantora e compositora, se apresenta nas primeiras sextas-feiras do mês...

Quem descobriu a Maria Leite foi oMaurício Machado. Quer dizer, não descobriu assim, antes de todo mundo, como um chinês à pólvora; mas como foi através dele que a conheci, durante um cassoulet em casa de Carlinhos Justino – uma das trincheiras que nos restam para lutar contra o regresso da civilização – aqui fica o Machadão porColombo e a Maria por toda aAmérica.

Mineira de Alfenas e auto-alcunhada Milky, Maria de perto é um mulherão que nega a mineirice esperada por um paulista e a candura do apelido, cantando sem sotaque em três mil línguas. Segura e imponente, é dona do palco e de todos os olhares.

Maria é cantora e compositora, uma diva, mas ainda em fase embrionária, não pelo talento, este que já é pleno, mas por estar em começo de carreira, com todo esforço que isto significa. Graças a Deus, porque foi soltando filipetas – das honestas, com vasto lastro de graça, e não daquelas frias, cantadas no Samba Erudito do Paulo Vanzolini – no Bar Balcão que ela conheceu o Machadão. Por esforço entenda-se assobiar e chupar cana, cobrar escanteio e correr para cabecear, escolher repertório, cuidar de arranjos, ensaios, contratos, divulgação, domesticar músicos, aturar bêbados, dar autógrafos, conceder bis, receber aplausos, muitos aplausos.


...no piano-bar do Buchanan's Lounge by Ranieri

A bela morena canta, sem sotaque, em três mil línguas

Sempre me emociono quando vejo um artista sério, que acredita em sua obra e vai em frente, sem dar pelota para a sedução ordinária da celebridade moderna. Em meio a tanta vulgaridade a gente fica algo saudosista, perdidos em nosso próprio tempo, sentindo falta de um farol. Mas quando ligo o rádio e ouço as baladinhas da Mallu Magalhães; o dilema do Zeca Baleiro com a morena de um amigo dele; Maria Rita do Socorro, que namora o Zé Galinha, mas é a fim do Zé Cachorro; e a Maria Leite transformando tudo em bossa, e até nos presenteando com uma marchinha de sua autoria que é um deleite, volto a me sentir sintonizado, como na varanda do Carlinhos Justino, olhando lá do alto a turba ignara. Alguém a de dizer que Milky ainda não tocou no rádio, mas o que é o tempo, ou o espaço, diante da arte?

Com minha Neguinha ao braço fui ver Maria no Bar Social do Paulistano. No palco ela proporcionou ao associado um passeio pelo que há de melhor na música brasileira, mexendo com graça e carinho em cada arranjo, fora os da Elis, o que, convenhamos, seria sobrenatural. Aproveito para dar os parabéns ao clube, que está investindo em apresentações pequenas no tamanho, porém grandes na sofisticação. Quando o investimento se emparelhar com as fortunas desperdiçadas em megashows que não comportamos física nem espiritualmente, teremos um clube melhor ainda. Fora do Paulistano, mas logo ali, na esquina Lorena com a Ministro Rocha Azevedo, todos podem conferir o que botei aqui, e com um extra: no Buchanan's Lounge by Ranieri ela também está ao piano. Viva Maria!

Blog do Léo Coutinho


2 comentários:

  1. estou para ver um show seu, me mande a agenda!
    beijos

    ResponderExcluir
  2. Maria, te encontrei :)
    ouvi seu myspace .. sua voz é linda
    mande agenda de show que tb quero te ver.

    Brigada pela carona de ontem,
    Ica

    ResponderExcluir